Estado tem 86% dos municípios com
legislação própria sobre o tema, bem acima da média nacional, que é de 36%. Das
394 cidades com plano municipal de segurança alimentar, 115 são do Paraná,
praticamente um terço do total.
Foto: Geraldo Bubniak/AEN
O Paraná é o Estado com o maior
índice de municípios que possuem legislação específica sobre segurança
alimentar e nutricional, de acordo com o Suplemento de Segurança Alimentar e
Nutricional da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) e Estaduais
(Estadic) 2024, divulgado nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, 343
municípios paranaenses (86%) já têm leis promulgadas sobre o tema, índice muito
superior à média nacional, de 36%. Na sequência aparecem Ceará (68%), Pará
(66%) e Maranhão (65%). O Paraná também lidera em número absoluto de municípios
com legislação específica, à frente de São Paulo (210 municípios), Minas Gerais
(209) e Bahia (159).
As leis municipais são
importantes porque estabelecem diretrizes e responsabilidades locais para
assegurar o Direito Humano à Alimentação Adequada, criando bases para
conselhos, planos e programas específicos.
O Estado também lidera em número
de municípios com planos de segurança alimentar e nutricional, somando 118
cidades — praticamente um terço de todos os 394 municípios brasileiros que já
estruturaram esse tipo de planejamento. Os planos são uma etapa posterior às
leis e funcionam como ferramentas de planejamento e monitoramento, que definem
metas e estratégias intersetoriais nas áreas de agricultura, saúde, assistência
social e educação, de modo a garantir o acesso universal a alimentos saudáveis
e sustentáveis.
"O Paraná é o supermercado
do mundo, mas também temos políticas públicas e um sistema muito organizado
para garantir segurança alimentar, o que é fundamental para a sociedade
evoluir", afirmou o secretário de Agricultura e Abastecimento, Márcio
Nunes.
Na avaliação da chefe do
Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan) da Secretaria de
Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Márcia Stolarski, os avanços
refletem uma política pública consistente, articulada pelo Governo do Estado em
parceria com os municípios e os conselhos locais, e consolidam o Paraná como
referência nacional na garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada
(DHAA).
“Estimulamos os municípios para
que façam as adesões e elaborem seus planos, porque isso possibilita que tenham
acesso facilitado a recursos e políticas públicas nacionais”, afirmou Márcia
Stolarski. “Essa é também uma forma de reforçar o compromisso crescente com o
combate à fome e a promoção de uma alimentação saudável e de qualidade”.
A opinião é corroborada pela
gerente de Estudos e Pesquisas Sociais da Coordenação de População e
Indicadores Sociais do IBGE, Vânia Maria Pacheco, que reforça a importância da
atuação coordenada dos entes públicos. “A implementação eficaz de ações visa
garantir não apenas a disponibilidade de alimentos, mas também o acesso e a boa
nutrição da população”, destacou.
Segundo Vânia, a segurança
alimentar e nutricional é um conceito multidimensional que envolve
disponibilidade, acesso e consumo de alimentos de qualidade, com o objetivo de
assegurar que toda a população tenha acesso regular e permanente à alimentação
adequada e nutritiva.
LIDERANÇA NO SISAN – Com mais sete novas adesões
neste ano, o Paraná chegou a 359 municípios integrados ao Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), o que representa 89,9% das 399
cidades do Estado. Em todo o País, o Paraná responde sozinho por 19,5% das
1.833 adesões municipais já formalizadas.
O Sisan foi criado em 2006 e
incorporado à Constituição Federal em 2010, com o objetivo de articular
políticas e ações que assegurem o acesso da população a alimentos em quantidade
suficiente e de qualidade.
“Em última análise, a adesão ao
Sisan representa um termo de compromisso dos governos com a população
paranaense, com a política de Segurança Alimentar e Nutricional e com o Direito
Humano à Alimentação Adequada”, reforçou Márcia Stolarski.
PLANO ESTADUAL – Além da articulação com
os municípios, o Estado mantém uma estrutura robusta de planejamento. Em abril,
foi divulgado o IV Plano Estadual de Segurança
Alimentar e Nutricional 2024–2027, que define 83
metas e 170 ações para o novo ciclo, com foco na sustentabilidade e na
valorização da agricultura familiar.
O plano foi elaborado pela Câmara
Governamental Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan/PR) em
parceria com o Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional
(Consea/PR), e consolidou propostas apresentadas em conferências municipais e
regionais, com a participação de cerca de 22 mil pessoas.
O objetivo do Plano Estadual é
construir um sistema alimentar baseado no desenvolvimento sustentável e na
agroecologia, fortalecendo a agricultura familiar e combatendo o desperdício de
alimentos.
PROGRAMAS E RESULTADOS – O Paraná apresenta
o segundo melhor índice de segurança
alimentar e nutricional do País, com atendimento a
82% da população, e cumpriu 82,5% das metas do plano anterior (2020–2023).
Entre os programas estruturantes que sustentam esses resultados estão o Banco
de Alimentos Comida Boa, o Compra Direta Paraná, o Coopera Paraná e o Cartão
Comida Boa, além do Leite das Crianças e o Mais Merenda, voltado à alimentação
escolar.
O Banco de Alimentos Comida Boa é
uma das iniciativas mais emblemáticas do Estado. O programa distribui alimentos
excedentes da Ceasa Paraná em condição adequada de consumo, como frutas e
verduras, que são minimamente processados, embalados a vácuo e repassados a
famílias e instituições assistenciais parceiras. São mais de 600 toneladas de
alimentos doadas por mês, o equivalente a 7,5 mil toneladas por ano.
O projeto recebeu reconhecimento
internacional em 2024, quando a Ceasa foi premiada com o Stevie Awards, em
Istambul, na Turquia, na categoria Empresa do Ano – Alimentos e Bebidas de
Médio Porte.
O Compra Direta Paraná, por sua
vez, destina R$ 77 milhões anuais à aquisição de alimentos da agricultura
familiar, repassados diretamente à rede socioassistencial do Estado — como
restaurantes populares, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos e hospitais
filantrópicos. Já o Coopera Paraná investe cerca de R$ 100 milhões por ano para
fortalecer cooperativas e associações de produtores, com foco em infraestrutura,
assistência técnica, capacitação e acesso a mercados.
O Cartão Comida Boa complementa
as ações com transferência direta de renda para famílias em situação de
vulnerabilidade, permitindo a compra de alimentos frescos e nutritivos no
comércio local e estimulando a economia regional. O Estado também mantém
programas consolidados, como o Leite das Crianças, que destina R$ 168 milhões
anuais para combater a desnutrição infantil, beneficiando cerca de 100 mil
crianças com o fornecimento diário de leite enriquecido.
O maior investimento, entretanto,
está na alimentação escolar, com R$ 600 milhões aplicados anualmente, sendo R$
250 milhões destinados à agricultura familiar. O programa Mais Merenda, criado
em 2020, garante três refeições por período e consolidou o Paraná como o
primeiro estado a cumprir integralmente a meta do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) de aplicar ao menos 30% dos recursos na compra de
produtos da agricultura familiar.
De acordo com Márcia Stolarski, o
plano estadual está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) da Agenda 2030 da ONU, reforçando o compromisso do Paraná com políticas
públicas estruturantes. “A participação de todos os setores da sociedade é
fundamental para construir um sistema alimentar mais justo e equitativo, em que
todos tenham acesso a alimentos saudáveis e nutritivos”, concluiu.
SOBRE A
PESQUISA – O
Suplemento de Segurança Alimentar e Nutricional da Pesquisa de Informações
Básicas Municipais (Munic) e Estaduais (Estadic) 2024 reúne informações sobre a
gestão da política pública de segurança alimentar e nutricional, incluindo
dados sobre legislação, instrumentos de gestão e participação, ações e
equipamentos públicos nos estados e municípios. Os dados completos do estudo
estão disponíveis no site do IBGE.




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