Agência Criativa
David Batista
A história de Maristela, que mora no Bairro Matão, no
município de Tomazina, com o café começou desde que ela ainda era muito
pequena, quando seus pais herdaram do avô materno, produtor de café, um pedaço
de terra, que era somente mata virgem e pastagem. Aos poucos a terra foi sendo
desbravada e começou então o primeiro plantio de café, “desde que eu me conheço
por gente, meu pai dizia assim: “onde couber um pé de café na minha propriedade
eu vou plantar”, e assim ele fez.
O pai de Maristela, preparou a terra e as mudas para o
plantio de toda a propriedade, nessa época, com apenas 6 anos de idade, junto com os irmãos, Maristela ajudava a encher os saquinhos com terra para
plantar as mudas. Como a família era muito grande, oito irmãos, e a despesa eram
grandes, tinha épocas do ano que faltava dinheiro. Quando chegava o mês de
abril que os cafés começavam a madurar, então a família se reunia para catar os
grãos de café maduro e os colocavam para secar logo e assim vender logo para
arrecadar dinheiro e pagar as despesas da família.
“Na época de
colheita, meus pais colhiam os cafés no chão, meus irmãos e eu ajudávamos
limpando os troncos do pé de café para retirar todos os grãos. Depois, meus
pais faziam a rastelação e abanação já no terreiro” afirma Maristela.
O café da na propriedade do pai não era o suficiente
para as despesas, por isso ta família trabalhava em outras propriedades para ganhar
dinheiro enquanto o café da propriedade do pai, não estava no ponto da
colheita.
Ao completar 18
anos, Maristela se caseou com Valdeir, também filho de produtor de café, o
sogro doou 2 mil pés de cafés para impulsionar o jovem casal que começava um
novo ciclo.
Com o
nascimento da primeira filha, Maristela engordou muito e as roupas não serviam
mais. Valdeir não tinha condições de comprar, e a esposa teve que ir para a
roça colher café por saquinho na propriedade do cunhado. A propriedade era
longe, e jovem mãe andava um quilômetro e meio a pé com minha filha de seis meses
nos braços e ainda bolsa de roupas e cobertas. Para poder trabalhar, a mãe
colocava a filha deitada sobre a coberta na sombra de um pé de café, quando a
criança chorava ,ela a amamentava e quando a bebê dormia, Maristela podia
continuar trabalhando e assim conseguiu comprar roupas, que tanto almejava.
Passaram-se quatro anos, nasceu à segunda filha do
casal que conseguiu comprar o primeiro pedaço de terra em 1999, que foi registrado
como Sítio São Luiz, a área era apenas pasto, Valdeir preparou a terra aos
poucos para plantar os primeiros pés de cafés. No ano seguinte houve uma forte
geada matando todas as mudas e o casal teve um grande prejuízo, mesmo com a
perda eles não desistiram e no mesmo ano tudo foi replantado novamente. Após
três anos do plantio, veio a primeira grande carga do café, que vendido e o
dinheiro deu para pagar todas as dívidas e despesas.
Em 2013,
Valdeir recebeu um convite para fazer parte de uma cooperativa para produzir
café especial, através do SEBRAE-PR. Nesse mesmo ano Maristela recebeu um
convite para participar de um grupo de Mulheres do Café, projeto idealizado
pelo IDR-PR, que visava capacitar mulheres a aprender as técnicas para produzir café especial.
O convite foi
aceito e Maristela, começou a frequentar as reuniões para aprender como
produzir cafés especiais e já na sequência, começou colocar em prática as
técnicas do processo e, em 2015 foi colhido às primeiras sacas de café especial,
que foram comercializados pela cooperativa por R$ 1.200,00 a saca enquanto a o
café comum (bebida dura) estava em R$ 380,00 a saca, esse novo faturamento animou
o casal, pois tinham vendido o café especial, por 4 vezes a mais do que o preço
café tradicional.
Em 2016 a safra foi fraca em razão da forte geada ocorrida
em 2015. Já em 2017 a safra a produção foi alta e quando começou a madurar o
café Maristela, chamou algumas colegas do grupo “Mulheres do Café” do qual faz
parte, para juntos com a filha do meio, irmã, e o cunhado, para fazer parte da
seletiva de grãos maduros.
“Um sócio de
uma exportadora, provador de café especial, convidou a produtora para levar os cafés
especiais para que ele pudesse provar. “Para minha surpresa, o meu café colhido
de forma seletiva deu uma pontuação de 88 pontos, o sócio da exportadora
relatou que era um café de alta qualidade e de grande potencial”, disse Maristela.
Segundo ele, ‘o café poderia participar de concursos’, “fiquei maravilhada com
a notícia, voltei para casa e contei para meu esposo sobre o acontecido, ele
ficou muito feliz e animado” destacou a produtora.
Animado o casal resolveu mandar duas amostras dos café
especiais para o Concurso Qualidade Paraná, para concorrer em duas categorias,
uma nome de Maristela, na categoria micro lote com duas sacas e outra em nome
do Valdeir na categoria macro lote com seis sacas. “Foi um sucesso, pois fomos
premiados com o 1° lugar nas duas categorias e recebemos um prêmio de R$
3.000,00 cada um.
Após o
concurso o sócio da exportadora procurou Maristela, e disse que tinha interesse
em comprar a saca de café premiada. A proprietária de uma cafeteria de
Curitiba, também procurou a produtora para comprar uma saca do café premiado.
Ambos pagaram o valor de R$ 3.000,00 por saca, enquanto a cotação do café normal
era de R$ 400,00 naquela oportunidade.
O sócio da exportadora mandou o café para outros
países com o intuito de divulgar, ‘que no Paraná também se produz café de alta
qualidade produzido por mulheres’. Com isso despertou o interesse de outros
países como a Austrália, Estados Unidos e Holanda em exportar o café produzido
no Matão, todos os anos. O casal Continuou os trabalhos com cafés de alta
qualidade, muito mais motivados ainda, pois hoje o café tem destino certo e valor
agregado, desde então, 2017, Maristela e Valdeir vem colecionando títulos e
premiações em concursos até os dias de hoje.
“Hoje me
tornei uma mulher empreendedora e faço as vendas para a exportação e para
várias cafeterias, anteriormente eu era somente do lar. Atualmente, recebo também
em minha propriedade, clientes, compradores, inclusive de outros países,
visitas do Programa Turismo Rural, um projeto do IDR-PR no roteiro caminho dos
cafés das mulheres com pernoite em minha casa, com hospedagem por 24 horas, onde
compradores e turista tem a oportunidade de observar o processo de produção e
colheita do café especial em minha propriedade “Sítio São Luiz”. Criei minha
própria marca de café torrado e empacotado “Café São Luiz”. Minhas vendas são
online através do celular e as entregas são feitas pelos correios para toda região
e outros e estados.
A produtora d
o hoje, ‘Café Especial’ fala do orgulho da sua trajetória, “Tenho minha
autoestima elevada e orgulho da mulher que me tornei. Com o trabalho que
realizo, ajudei meu marido aumentando a renda familiar. Tenho alta confiança do
que eu posso fazer, sei onde quero ir e onde posso chegar, trabalhando com muito
amor, carinho e determinação”, concluiu Maristela.
Quer conhecer mais sobre o Café Especial fale com a
Maristela. Whatsap: (43) 9 8813 0272.
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