O Estado tem se destacado pelo alto
investimento na aquisição de produtos da agricultura familiar para a
alimentação escolar, controle de qualidade dos alimentos e políticas inovadoras
que unem educação, saúde e respeito aos costumes regionais. Desde 2022, graças
ao Mais Merenda, todas as escolas passaram a oferecer três refeições por turno.
Foto: Foto: Karina
Audrey/Fundepar
Com mais de R$ 560
milhões investidos anualmente na alimentação escolar, o Governo do Paraná, por
meio do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), tem se
destacado como referência na área. O Estado garante o direito à alimentação de
cerca de 1 milhão de estudantes em mais de 2 mil escolas, com cardápios
variados que valorizam ingredientes locais e preservam tradições regionais
paranaenses.
Um dos grandes
diferenciais da alimentação escolar do Estado é a oferta de produtos
diversificados, visando a segurança alimentar e nutricional dos estudantes, e
respeitando os hábitos locais. Os cardápios incluem desde carnes, frutas,
verduras e legumes, até itens inovadores como água de coco, kiwi e pão de
queijo.
“Aqui no Paraná,
pensamos no cardápio como uma forma de respeitar a cultura e incentivar a
educação. Entendemos que uma boa nutrição também faz parte do processo de
aprendizagem e, por isso, para nós, a alimentação escolar é um compromisso com
o futuro”, afirma a diretora-presidente do Fundepar, Eliane Teruel Carmona.
A alimentação
servida nas escolas é planejada por uma equipe de quase 20 nutricionistas do
Fundepar, responsáveis por planejar, adquirir, distribuir e elaborar os
cardápios. Como existem diferentes perfis escolares no Estado, a exemplo das
escolas agrícolas e as de tempo integral, a equipe personaliza os cardápios
seguindo especificidades culturais e regionais, tempo de permanência dos
alunos, possíveis restrições alimentares e estrutura das unidades.
Desde 2022, graças
ao programa estadual Mais Merenda, todas as escolas passaram a oferecer ao
menos três refeições por turno.
“Algumas escolas só
comem feijão preto, outras só o carioca. Para as indígenas, mandamos banha de
porco. Na Escola Indígena Mbyá Arandú, em Piraquara, as merendeiras seguem o
cardápio padronizado, mas podem servir o Rorá, uma comida típica com fubá”,
explica a coordenadora de Planejamento da Alimentação Escolar do Fundepar,
Rosangela Mara Slomski Oliveira.
Apesar da
padronização dos cardápios, as merendeiras têm liberdade para adaptar as
preparações, seguindo a orientação das nutricionistas. É o caso da Escola
Estadual Nossa Senhora Conceição, em Campo Magro, onde Diná Aparecida Gavelik é
merendeira há 23 anos. Ela conta que os pratos mais famosos são o risoto e a
farofa, mas o revirado de feijão com ovos, o café com leite e a torta de banana
também fazem sucesso. “É muito satisfatório, porque faço o que eu gosto. Para
mim, é um prazer preparar os alimentos para nossos alunos”, diz.
Já no Colégio
Estadual Aníbal Khury Neto, em Curitiba, o prato mais aguardado é o
estrogonofe, segundo Inês da Silva Saldanha, uma das quatro merendeiras da
unidade. De acordo com Maria da Luz, que cozinha na Escola Estadual Augusto
Vanin, em Campo Largo, o favorito é o macarrão com molho branco.
AGRICULTURA FAMILIAR – Primeiro Estado a cumprir a meta de destinar
30% dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) à aquisição
de alimentos da agricultura familiar, hoje o Paraná aplica 100% dos recursos
federais na compra de agricultores familiares, priorizando produtores próximos
das escolas, assentados, indígenas, quilombolas e mulheres. Em 2025, pelo menos
R$ 150 milhões foram destinados do próprio Estado à agricultura familiar.
A medida, além de
garantir refeições mais saudáveis, movimenta a economia local, fortalece a
produção orgânica e sustentável, e ainda ajuda o meio ambiente.
Todos os anos, o
Fundepar adquire cerca de 50 mil toneladas de alimentos, sendo que 22% vêm da
agricultura familiar: são mais de 11 mil toneladas de ovos, frutas, legumes,
verduras, hortaliças, arroz, feijão, grãos, leite, iogurte e pães, produzidos
por 20 mil famílias paranaenses.
“Os alimentos
deixam de vir de outros estados e passamos a comprar aqueles que são produzidos
localmente, muitas vezes pelos próprios pais dos alunos”, afirma a responsável
técnica pela execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar do Fundepar,
Andréa Bruginski, que é nutricionista. “Trabalhar com alimentação escolar é uma
missão. Alimentamos todos os dias 10% da população do Estado”, conclui Bruginski,
que atua no Instituto há 15 anos.
INVESTIMENTO E
INOVAÇÃO – Além do alto investimento na alimentação escolar, o Paraná é
referência em práticas inovadoras que asseguram a qualidade alimentar dos
estudantes. Um diferencial é o sistema centralizado de compra, pelo qual o
próprio Governo do Estado adquire os alimentos e faz a distribuição às escolas.
Nesse modelo, a alimentação é calculada por servimento, o que significa que os
estudantes podem repetir as refeições.
Além do
acompanhamento próximo feito pelas nutricionistas do Fundepar, que fazem
visitas periódicas às escolas para verificar estoques, condições de higiene e a
estrutura das cozinhas, o Estado realiza análises químicas e biológicas dos
alimentos antes de chegarem ao prato dos estudantes, por meio do Instituto de
Tecnologia do Paraná (Tecpar). O objetivo é avaliar tanto a qualidade do
produto quanto as boas práticas de fabricação.
Segundo o chefe do Departamento de Nutrição e Alimentação do Fundepar,
Angelo Marco Mortella, o Estado investe quase cinco vezes mais recursos
próprios do que os valores federais repassados à área. “Vários estados nos
procuram para conhecer e replicar nosso modelo. Seguiremos mostrando que é
possível oferecer merenda diversificada, priorizando a qualidade e a cultura
local”, destaca.
0 Comentários